Fradique

Ludíbrio esmaltado

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segunda-feira, 25 de junho de 2007

Ser

A ciência não conhece um oitavo do que desconhece. E isto assumo axiomaticamente. O que amo esmaga-se pelo que não amo, por não poder amar.
Às vezes cogito se todo este espectáculo não é um jogo, um esfíngico jogo. E aquilo que mais nos desnorteia é não podermos sequer colocar uma hipótese acerca do que há para além do tangível – por que não igualmente tangível? –, do que há passado isto, sob pena de cairmos numa exasperante inverosimilhança. Claro está que a mais simples e maleável justificação (não será este talvez título legítimo) é também a mais primordial: isto, e tudo mais, é panteísmo, é a imanência divina. Muito já provámos poder ser explicado pela exactidão científica, e estou em crer que é possível varrer por completo todas essas filosofias escorregadias.
Admito que não existe pensamento mais redutor e obsidiante que ultrapassar os limites do Universo com a imaginação – é que mesmo a sua paradigmática «fertilidade» seca, esteriliza-se. Contudo, isso não invalida nem cobre o mister de uma busca exaustiva pela verdade.
Há algo irrevogável: o nosso mundo é exacto. E isso está ao alcance da nossa compreensão, temos que aceitar. Neste universo há inteligência, um saber incomensurável, do tamanho de tudo quanto há. Pensar que de uma putativa explosão inicial só poderia vir o caos, é regredir. Temos só aqui na Terra um sem-número de constantes matemáticas que nos certificam a precisão dos fenómenos, e ainda mais as temos relativas a todo o universo – vejam-se, a título de exemplo, as constantes de Planck e de Stephan-Boltzmann.
Mesmo assim, muitos continuarão a dar-se por vencidos e a render-se ao prazer e conforto de uma explicação não lacunar, fluida e versátil – mas quantas vezes o caminho mais fácil não é o mais fiável! Assim não há mérito. Quanto ao que me toca, nesse comenos, continuarei a observar, reduzido à minha ignorância (mas nem por isso entregue a engodos), sempre desperto.
In dubio, é melhor esperar. Quiçá um dia saberemos quem somos.

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