Um limiar

Estou hoje na derradeira hora da calaceirice, prestes a ingressar em algo mais sério.

Não sei, na verdade, se me sinto capacitado para cumprir os objectivos a que me proponho e propus. Mas talvez o fatum me reserve algo de surpreendente – ou de frustrante. Não sejamos contudo derrotistas, já que essa é a metade do caminho para a derrota.

Entre os anos que transcorreram até hoje, poucos foram os que me adoçaram a caminhada, e o saldo último foi, no entanto, bastante positivo. É sinal de que a fortuna me levou nos seus bons ventos. Bem-haja.

Este ano que ainda agora deixo foi particularmente importante para o meu crescimento espiritual e cognitivo. Sobressaiu-se, aos meus olhos, um aspecto que, talvez muito interpretativamente, apreciei. Refiro-me à mensagem veiculada pelas obras literárias leccionadas – o sonho, o inconformismo, a necessidade que tem o homem de se superar. Procuro acreditar que estas tão nobres temáticas tenham sido e sejam abordadas com o objectivo de induzir o movimento, a força de suplantação, o descontentamento pessoano. Se na realidade assim for, louvo e parabenizo imediatamente o cinzelador desta inteligente ideia.

Rendo-me agora a uma espera um tanto ou quanto inquietante.
Creiamos, por fim, no funambolismo dos deuses.